quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Muitos anos de vida.

Muitos anos de vida.

Sinto que envelheço. Até ai tudo bem, normal. O Problema é que essa idade que demonstro não é minha de fato. Envelheço por osmose.
Alimento – me com mingau ou batidinhas de carne: sempre algo que minha fraca deglutição, e meus poucos dentes, consiga aceitar. Não posso esquecer de comer o doce após as refeições, antigo hábito, coisa de gente velha, sabe. Passo o dia todo dormindo em grandes cadeiras com fundo próximo ao chão ou em redes armadas perto de antigas portas de madeira. Sinto mais calor do que o normal e ali é mais arejado. Minha visão já é turva faz um bom tempo - Coloque o copo com água na minha mão, sim -. Comprovo tal fato quando perguntam – Não ta me reconhecendo... – Não. As pessoas, a meu ver, agora são todos iguais.
Nessa idade, que absorvi por convivência, tomamos muitos remédios. Começo cedo, as 5:00 e só acabo com as doses tomadas 20:00 da noite, quando já tomei mais bolinhas coloridas do que aquelas que compramos nos saquinhos MM’s. Achou cedo o horário em que vou para cama. Acredite, nós cansamos mais facilmente quando já não fazemos absolutamente nada. Tento por vezes ser ativo e caminhar ou fazer, o que quer que seja, que as pessoas idosas fazem, mas, bate uma depressão de saber que nada mais é como antes e não voltará a ser... Então largo tudo e volto para o fundo da minha rede, ou para cadeira, ver os enfadonhos programas de tv que são transmitidos no período da tarde esperando, sepulcralmente, o dia terminar.
Final de semana sempre fico bem mais alegre. A casa esta cheia de visitas. Conversamos sobre orações e o falecimento de alguém. Comemos bolos e tortas feitas pelas nossas senhoras e ouvimos Demônios da Garoa, boleros e valsas. Não é exatamente o que os rapazes da minha idade gostam, porém, aprendi a tolerar esse gosto musical, caso contrário enlouqueceria. Sempre vamos à missa de domingo. Para todos os anciões interioranos isso é sagrado! E olha que não acredito em Deus ou suas instituições, fundadas pelos homens velhos, como esses com quem convivo e de quem herdei, ainda em vida, sua idade e costumes.
Convivendo com pessoas mais velhas aprendemos muitas coisas, é “uma experiência única”, como afirma a geração do meio, a que me colocou aqui próximo à ponta de lá da vida. Essa geração, a de nossos pais, já teve até a ousadia de afirmar que estou ficando rabugento, característica inerente de alguns senhores desgostosos com o injusto passar dos anos. Coisa muito natural, eu digo, pois esse estilo de vida nós leva a uma vontade de não sei o quê. Muitas vezes, no meu caso específico, considero que estou bem mais próximo do fim do que eles, simpáticos velinhos.
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Depois de muito tempo morto, ta ai um texto sem compromisso. Feito escondido e correndo, já que estou no estágio. Passem por cima dos erros ortográficos e de concordância, por favor. Aos amigos desculpa pelo sumiço e para todos um bom dia.